segunda-feira, 14 de março de 2022

Por qual motivo os monopólios de comunicação só falam em fracasso dos russos?

Soldado russo no interior da usina de Zoporonie, na Ucrânia. Sputnik News.

A Guerra na Ucrânia ocorreu de modo inesperado. Ninguém esperava uma ofensiva, mas aconteceu, desestabilizando todo o regime de dominação mundial. Logo, ela é o conflito mais importante do século, não por causa do nível de letalidade ou destruição, mas pela política.

A Rússia pode estar vencendo a guerra, porém tudo o que se vê é propaganda contrária para atacar o país e isolá-lo ainda mais. Dos monopólios de comunicação a campanha é a mais absurda, sendo tão ridícula que só falam em perdas e derrotas russas, quando Putin em menos de 2 semanas cerca a capital do país.

É necessário sabotar o esforço de guerra russo, já que quanto maior for a vitória, mais desgaste haverá na dominação das potências mundiais. Assim, apresentam a questão de modo idealista e maniqueísta, não mostram o que se ganha nesta guerra.

Toda vitória militar, por pior que seja, resulta em conquistas econômicas e políticas. Não será diferente com a Rússia, que as ofensivas do Imperialismo irão retroceder e negociar com muito mais respeito frente aos russos.

Não há tempo livre para quem trabalha


Sérgio Carvalho/MTE

A maioria dos trabalhadores precisa se desdobrar para atender as demandas básicas de sua vida, utilizando o seu dia de descanso para trabalhar para si mesmo com a limpeza e manutenção de suas coisas. Assim, é normal que o fim de semana dos operários seja o dia de faxina, ou dia para construir e reformar a casa.

O trabalho remunerado retira as forças e deixa um acúmulo de atividades para o tempo livre, que só existe se o trabalhador for bem remunerado a ponto de conseguir contratar uma pessoa para cuidar desses afazeres. Dessa forma, apenas uma pequena parte dos trabalhadores realmente podem desfrutar de algum descanso em suas vidas. Incrivelmente, são esses trabalhadores exauridos que constroem as igrejas, associações de bairro, sindicatos e partidos de esquerda.

A pequena burguesia, é hedonista e se perde nas drogas, no sexo e perversões em seu tempo livre. Raramente conseguem ter uma atividade política e quando o fazem é por mero diletantismo. O movimento estudantil brasileiro é um excelente exemplo disto, sendo um ambiente onde não há literatura política. Não se sabe nada do passado ou presente, pois a política é feita pelos corredores em conversas e intrigas, mostrando o alto nível oportunismo e diletantismo.



Mais uma etapa da guerra na Ucrânia

 As informações divulgadas na imprensa imperialista não dão uma noção real sobre os acontecimentos do conflito na Ucrânia.

O conflito teve início quando as tropas russas cruzaram a fronteira ucraniana em 24 de fevereiro de 2022. A ofensiva se deu em três frentes de combate: leste, sul e norte. Um tratado de amizade com as repúblicas de Donestk e Lugansk fora assinado com a Rússia dias antes da intervenção.

O imperialismo e sua imprensa procuram apresentar as forças armadas russas como agressoras. Contudo, trata-se de uma operação militar preventiva. O imperialismo norte-americano, apoiado pela União Europeia, traçava planos de instalação de bases militares da OTAN na Ucrânia, isto é, nas fronteiras russas. Qualquer trabalho de subversão política e mesmo uma invasão imperialista teria como ponto de apoio as bases da OTAN.

É perceptível o cuidado dos russos em relação aos civis. A máquina de propaganda imperialista tenta criar versões sobre os fatos, de forma a manipular a opinião pública mundial contra a Rússia, como se se tratasse de um massacre de civis.

Os dois lados concordaram, em reunião no dia 9 de março, em estabelecer um cessar-fogo de 12 horas com o intuito de abrir corredores humanitários para a população civil. A Rússia diz que os corredores ficaram abertos nas cidades de Kiev, Kharkiv, Mariupol, Chernihiv e Sumy. Os russos controlam importantes usinas nucleares da Ucrânia, inclusive a maior da Europa, a usina de Zaporizhzhya.

As tropas russas encontram-se há semanas nas proximidades de Kiev, com um comboio de forças blindadas para realizar um ataque massivo. A imprensa destaca que são dezenas de quilômetros de extensão.

O imperialismo mundial coloca em marcha toda sua máquina de propaganda e articula alianças políticas para isolar os russos no cenário internacional. A Assembleia-Geral da ONU aprovou uma resolução por ampla maioria condenando a intervenção de Vladimir Putin na Ucrânia. No entanto, a imprensa não fez as contas ao vivo, demonstrando que cerca de um quarto dos países do mundo ou votaram ao lado da Rússia, ou se abstiveram. Dentro desses países, Índia e China são os dois mais populosos do mundo, o primeiro com 1,41 bilhão de pessoas e o segundo com 1,45, o que corresponde a cerca de 35% da população mundial.

Mesmo dentre os países que condenaram a Rússia, casos de México e Brasil, a posição diante da guerra é ambígua e muitas vezes pende para o lado dos russos.

Embora seja verdade que uma parcela considerável desses países não pensa como seus governos e condena a invasão da Ucrânia pela russa, também é verdade que uma ampla parcela da população dos países que estão contra a Rússia, também discorda de seus governos.

É algo claro, já que o imperialismo é o regime de exploração mundial e que assim como a burguesia imperialista é inimiga dos governos nacionalistas dos países atrasados, também é inimiga de toda a classe operária mundial, incluindo a classe operária dos próprios países imperialistas.

Pesadas sanções foram impostas a setores da economia russa. Vladimir Putin declarou que as sanções equivalem “a uma declaração de guerra” contra seu país. Países europeus anunciaram o envio de armas à Ucrânia e Volodymyr Zelensky chegou a solicitar que a OTAN estabelecesse uma zona de exclusão aérea, o que significaria uma intervenção direta das forças estrangeiras no conflito, o que não ocorreu e demonstrou mais uma vez como o imperialismo tende a abandonar seus aliados.

O bloqueio da transmissão dos canais RT e Sputnik por parte do imperialismo demonstra o controle da internet e das redes sociais. A única opinião que deve ser divulgada é a que convém ao capital financeiro mundial, isto é, a classe dos opressores de todos os povos do mundo.

É preciso destacar que a propaganda imperialista penetra até mesmo na esquerda brasileira. O PSTU, o PSOL, o POR e outros partidos e setores dentro do PT, incluindo queles que se dizem trotskistas, como é o caso da corrente O Trabalho, adotaram a palavra de ordem de nem OTAN e nem Rússia, o que significa um apoio indireto ao imperialismo. A neutralidade na luta entre o imperialismo e a burguesia nacional de um país atrasado significa, na prática, a adesão ao imperialismo por parte dos partidos de esquerda.

Os trotskistas se orientam sobre a base de princípios. Leon Trótski é claro em seus textos que os marxistas devem defender a burguesia nacional de um país atrasado quando em choque com o imperialismo, porém, sem abdicar da independência de classe. O opressor da humanidade não é a Rússia, mas sim os Estados Unidos, a União Europeia, o Japão e as forças militares da OTAN.

A preocupação “humanitária” do imperialismo não apareceu nos bombardeios criminosos da OTAN na Sérvia, no Iraque, Afeganistão, Palestina, Líbia, Síria e nos golpes de Estado na América Latina. Milhões de inocentes, incluindo mulheres e crianças, tiveram suas vidas dilaceradas em função dos interesses políticos e econômicos do imperialismo mundial. Os Estados Unidos, hoje supostos apóstolos dos direitos das mulheres, negros e LGBTS, destruíram a vida de milhões na intervenção no Iraque. A mesma preocupação não se deu para com os povos do Donbas, na própria Ucrânia, diante do genocídio nazista dos últimos 8 anos.

Os acontecimentos na Ucrânia seguem se desenvolvendo. As coisas tomarão um rumo mais definitivo quando os russos finalmente conseguirem tomar a capital Kiev.




Está surgindo uma nova ordem mundial?

G7

A guerra da Ucrânia não pode ser analisada como um evento isolado. Essa guerra terá consequências a nível mundial e alguns setores dizem que o feito pode representar o surgimento de uma nova ordem mundial.

No entanto, uma nova ordem mundial, que representasse a troca dos países imperialistas atuais por um novo conjunto de países imperialistas, não é possível. Os marxistas já analisaram muito a questão do imperialismo e demonstraram, inclusive na prática com a revolução russa, que o imperialismo é a última etapa do capitalismo e que a luta das burguesias dos países atrasados contra o imperialismo levará inevitavelmente à ditadura do proletariado, não a novos países capitalistas desenvolvidos.

Porém, é possível que com a polarização entre os países, haja um distanciamento ainda maior entre os países imperialistas e alguns países oprimidos, surgindo assim blocos de países.

Um desses blocos trata-se do conjunto de países que vão estar aliados à hegemonia imperialista dos países do atlântico norte sob a liderança dos EUA, mas com outras nações importantes como o Reino Unido. Os países europeus, no geral, pertencem a esse bloco. Esse bloco deve perpetuar a velha política imperialista pautada na espoliação, na guerra e na traição. Seu modelo econômico baseia-se em uma economia não produtiva, em que todos os indicadores econômicos de produção, emprego e consumo apresentam queda constante. A especulação financeira, a contravenção e a criminalidade são elementos necessários dessa estrutura.

O outro bloco seria liderado por China e Rússia e apresenta ao mundo uma alternativa econômica baseada na produção e no consumo. O principal projeto chinês para isso são as novas rotas da seda. China e Rússia possuem uma parceria estratégia importante e duas semanas antes do início da guerra aprofundaram essa aproximação. Putin, em discursos, tem afirmado mais de uma vez que todo esse movimento levará ao estabelecimento de uma nova ordem mundial. Países como Índia, Afeganistão, Paquistão, Irã e Síria apresentam diversos indícios de que podem se associar a esse bloco. Na América Latina países como Argentina, México, Bolívia, Cuba, Nicarágua e Venezuela possuem cooperações econômica ou militar com Rússia e China. A China também tem patrocinado um conjunto de investimentos em infraestrutura na África e a Rússia tem auxiliado a Síria.

Se vencer a guerra a Rússia ganhará importantes benefícios econômicos e esses benefícios podem ser repartido entre os diferentes países que cooperarem com ela. Se vencer a guerra, a Rússia deve exercer uma influência enorme nas regiões do Mar Negro e do Mar de Azov e isso está nos planos chineses de ampliação do terreno da nova rota da seda. Se o surgimento de dois blocos se fortalecer, cabe ao Brasil, e a todos os países do mundo, escolher se ficarão ao lado do modelo bélico-extrativista do imperialismo norte-americano ou ao lado do modelo pautado em crescimento econômico, investimentos, produção e consumo chinês e russo.

Para isso, é necessário que nosso país enfrente o golpe de estado de 2016, dado pelo imperialismo mundial, principalmente pelos EUA. A única maneira de fazer isso é se colocar nas ruas por Fora Bolsonaro e por Lula presidente.

terça-feira, 16 de março de 2021

Editorial 02/03/2021 - A prisão do bolsonarista Daniel Silveira também retira os direitos da população e da esquerda



No dia 16 de fevereiro de 2021, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, decretou a prisão do deputado federal bolsonarista, Daniel Silveira (PSL-RJ), sob a justificativa de que o parlamentar ofendeu os ministros da Corte Suprema. Somente a ministra Cármen Lúcia, Nunes Marques, Rosa Weber e Ricardo Lewandowski ficaram isentos das provocações do bolsonarista.

Para aplicar sua prisão, o ministro Alexandre de Moraes disse que a defesa do Ato Institucional nº5 (AI-5, imposto pelos militares na recente ditadura) pelo deputado bolsonarista ofenderia a democracia e os tais “direitos fundamentais”, seguindo com o argumento de que a apologia do AI-5 e a ofensa aos ministros suprimiria a democracia em que vivemos atualmente. Toda essa pompa argumentativa tem respaldo na Lei de Segurança Nacional, norma repressiva da época da ditadura que ainda está vigente e foi utilizada pelos “democratas” da corte nesse caso.

Apesar da argumentação do ministro possuir certa lógica, na realidade, porém, trata-se de um ato de mordaça, uma medida arbitrária para censurar o bolsonarista. Poderiam perguntar aos Ministros da Corte de que modo alguém fazer apologia à ditadura, ao fascismo ameaçaria a democracia, senão tão somente na cabeça desses ilustres julgadores. Forçou-se até uma construção de um flagrante para categorizar um crime não contemplado pela imunidade parlamentar, tudo para punir e amordaçar o deputado.

Porque o bolsonarismo está sendo posto de escanteio pelo aparato da direita tradicional golpista não justifica, novamente, rasgar a Constituição e passar por cima da liberdade de expressão.

Os esquerdistas pequeno-burgueses fazem coro em repudiar o ato de “ódio” do deputado, dizendo que, mais uma vez, a civilização (STF e ilustríssimos ministros) venceu a bárbarie (bolsonaristas). Esqueceram completamente qual corte suprema deixou de julgar a prisão em segunda instância para que o Bolsonaro pudesse vencer as eleições com folga sem o Lula - a essa manobra judicial os esquerdistas ficam silentes, não chamam o STF de apoiador da direita, quiçá dos fascistas-bolsonaristas.

Os esquerdistas se esquecem que a cada vez em que se reforça o aparelho repressor estatal, a população vai perdendo os direitos. O judiciário e a polícia são, por si mesmos, máquinas de criminalizar a pobreza e perpetuar o racismo.

Não indo muito longe, por mais pitoresco que possa parecer, o Marcelo Freixo (PSOL/RJ) e o “coronel” Ciro Gomes começaram a ser processados por criticarem o Bolsonaro. Quem fez essa acusação foi o vereador bolsonarista do PRTB, Nikolas Ferreira de Belo Horizonte. Ele se utilizou do mesmo entendimento do STF e a Lei de Segurança Nacional para amordaçar os esquerdistas em questão.

A liberdade de expressão, ainda mais para parlamentares, independente do posicionamento político, deve ser defendida pela população. Se seus representantes forem cada vez mais censurados (parlamentares, partidos políticos, políticos), não se poderá criticar mais nenhuma arbitrariedade do Estado, nem a inépcia do governo bolsonarista e tucano diante da pandemia, nem o golpe de 2016, nem os assassinatos na periferia pela polícia militar, nem a alta taxa de desemprego, nem nada. Quando a Alta Corte faz uso de uma lei da ditadura para amordaçar alguém, é preciso denunciar esses ditadores.

Quanto aos esquerdistas, a ação estatal contra o bolsonarista pouco faz em relação à extrema-direita que está alastrada nas prefeituras, câmaras e assembleias legislativas. Somente a organização de autodefesa dos trabalhadores e da população oprimida é capaz de barrar a ofensiva bolsonarista. Não é pelo discurso, mas pelo movimento organizado e de massas pelo Fora Bolsonaro e toda a direita golpista que realmente reverterá essa situação política. Depender dos ditadores para punir os fascistas cada vez mais impede e dificulta a luta da esquerda em poder se expressar e exercer seu papel político de luta política.

terça-feira, 9 de março de 2021

Editorial 09/03/2021 - Defender a greve dos professores contra o genocídio dos governadores direitistas


No último sábado (6), o Governo do Estado de São Paulo, do tucano João Dória, decretou fase vermelha para todo o Estado. Como está consolidado, a política da extrema-direita bolsonarista, dos governadores e prefeitos de direita, é de total descaso com a população, levando, de tempos em tempos, ao colapso do SUS: pela falta de leitos, de médicos, de botijões de oxigênio, de testes. E a cada vez que se atinge esse pico, decretam-se a fase vermelha, lockdowns, etc. como medidas demagógicas para dizer que a direita está fazendo algo para a população.

Nessa brincadeira de genocida, na segunda-feira (8), a média de mortes no país agora ultrapassa os 1.500 por dia. E, como se não bastasse, a direita quer manter as escolas e templos religiosos (resta saber a relação da fé com o culto à contaminação) abertos, porque são pressionados pelo setor da educação privada (a).

A justificativa do governo baseia-se no risco à saúde mental e à problemas de aprendizado que o isolamento pode causar às crianças e adolescentes, ou que a família que trabalha em serviços essenciais não teria com quem deixar seus filhos (b). A conclusão do governo para esse problema não poderia ser melhor: para não prejudicar à vida dos alunos, joguem eles em um ambiente de risco de contaminação e risco de morte, assim, esses problemas serão todos resolvidos.

Por mais pressão que os governadores da direita realizam, os professores não podem recuar, porque suas vidas, dos alunos, familiares e, no fim, de toda a sociedade está sendo posta em risco.


A burocracia sindical e os professores precisam se mobilizar


Se o sindicato esperar cada nova onda de mortes para se mobilizar para a greve, haverá um problema na força da greve e do movimento. A linha política deve ser clara: fechamento das escolas como uma forma de barrar a contaminação e o genocídio da população, já que os governadores apenas fazem uma política de contenção, de reação à pandemia, nunca com objetivos de evitar de modo contundente a transmissibilidade do vírus.

De certa forma, a burocracia sindical focar-se-á na defesa das reivindicações dos professores em termos de manutenção e correção salarial, impedimento da punição dos grevistas etc. Porém, não se pode limitar a isso. Os professores precisam pressionar o sindicato para construir um movimento amplo de luta, esclarecendo a população desse problema, convocar reuniões para a discussão dos modos de politização da população para atrair amplos setores para a greve, passar nas escolas entregando material explicando o problema e chamando para a defesa do fechamento das escolas e contra essa direita genocida.


Sobre exigir a vacinação dos professores


Para o governador direitista Dória, as aulas serão presenciais independente da população ou dos professores serem vacinados, porque, se há certa urgência em voltar às aulas para o “bem” do aluno e de seus pais, não há nenhuma preocupação em vacinar os professores.

Em um outro sentido, a mobilização dos professores no Espírito Santo com o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Espírito Santo (SINDIUPES) fez com que, pelo menos, num eventual retorno presencial, os professores sejam imunizados. O que ainda é precário, visto que os alunos e seus familiares tampouco serão, levando a uma conclusão política de que somente o fechamento das escolas seja uma reivindicação a ser levada adiante sem recuar.


a. Só na rede pública do Estado de São Paulo, em 1º de março, foram contabilizados 1.611 professores que foram contaminados nas 763 escolas: https://sp.cut.org.br/noticias/luta-contra-aulas-presenciais-avanca-343d.

b. https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2021/03/professores-de-escolas-privadas-aprovam-greve-em-sp.shtml

Consultas:

https://sp.cut.org.br/noticias/artigo-que-prefeitos-e-prefeitas-decretem-a-suspensao-das-aulas-presenciais-ja-8881

https://sp.cut.org.br/noticias/luta-contra-aulas-presenciais-avanca-343d

https://www.cut.org.br/noticias/trabalhadores-em-educacao-do-espirito-santo-terao-prioridade-para-vacinacao-2f78

http://www.apeoesp.org.br/publicacoes/apeoesp-urgente/n-44-nao-fazemos-queda-de-braco-com-vidas/

https://www.correiobraziliense.com.br/cidades-df/2021/03/4910912-escolas-particulares-e-academias-reabrem-com-regras-sanitarias.html


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segunda-feira, 8 de março de 2021

08 de março, dia internacional da mulher



A data que tem no Brasil um marco trágico de morte de um conjunto de mulheres em uma fábrica têxtil de Nova Iorque no início do século XX no ano de 1911 expressou, no limite, as péssimas condições trabalhistas pelas quais as mulheres eram submetidas na marcha da revolução industrial. O conjunto de mulheres carbonizadas, simbolizou a expressão última da violência contra as mulheres. Ainda no século XX, anos mais tarde, a data foi apropriada agora pelas grandes corporações, têxtis também, mas não só, para aumento de suas vendas no varejo.

O século XXI traria avanços consideráveis no Brasil, com severos resquícios de atrasos. No campo da política institucional, o país elegeu a sua primeira mulher como presidenta e foi criada uma cota proporcional de mulheres para ocupação de cargos políticos. Na esfera da vida civil, as mulheres eram maioria nas vagas preenchidas das universidades e as cotas raciais conseguiam também preencher este espaço com mulheres. Reivindicava-se, por parte dos movimentos feministas, nomes femininos nas artes, filosofia e ciência. Os movimentos identitários liberais pautavam representatividade nas publicidades e quebra da objetificação do corpo da mulher, reproduzida nas peças publicitárias que circulavam na grande mídia. O advento da internet no século passado e seu constante aperfeiçoamento neste século criou inúmeros canais de comunicação para denúncia contra a violência a mulher, o que levou diversas mulheres a criar coragem para expor seus agressores, rompendo com um ciclo de silêncio. Apenas alguns exemplos de avanços.

 Porém, este início de século que avançava a continuidade de conquistas das lutas do século anterior trouxe em seu bojo as contradições das relações sociais. O país que havia elegido a sua primeira presidenta foi também o país que, desde 2013, lutou para destituí-la de sua cadeira. A cota proporcional de gênero na política institucional seguiu o fisiologismo político, onde denuncias de fraudes das legendas partidárias, para cumprir tabela, fora denunciada pela mídia. Já na esfera civil acentuava-se a publicidade do número de morte de mulheres, que a literatura especializada convenciou chamar de feminicídio.

Sobre o feminicídio, poderíamos usá-lo como pedra basilar para reatualizar o significado do dia internacional das mulheres. Se o Brasil utilizou como marco trágico a morte de um conjunto de mulheres de uma só vez dentro de uma fábrica nos Estados unidos no século passado (marco este disseminado em aparelhos ideológicos de poder, pois há outros marcos pelo mundo), o feminicídio – caro e tradicional em terras brasileiras – pode ser lido como uma forma de diluição da morte de mulheres na sociedade. Na esfera da vida cotidiana um conjunto de mulheres morrem todos os dias. E era até então invisível aos olhos do Estado e sociedade civil por estar particularizado. E sabemos que matar mulheres para defender a honra era, até então, legítimo. Só recentemente o STF barrou tamanha bizarrice. Sempre houve uma tácita permissão de execução de mulheres em nosso país. A base que sustenta esse modus operandi é a cultura patriarcal somada a misoginia e machismo que de tão bem consolidados no imaginário brasileiro, é reproduzido inclusive por mulheres em nosso país. 

Deste modo, nesta data em que se celebra a luta das mulheres, nos aponta que em mais de cem anos de celebração deste dia, o direito à vida é ainda uma pauta de conquista no Brasil. Pela complexidade e dimensão continental a qual estamos inseridos, compreender que assegurar o mais básico dos direitos destes tempos modernos, que é o da simples existência, é um carma que carrega a quem se torna mulher. Não há nada o que se comemorar.


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Governo Boric será de direita besuntado em um esquerdismo de fachada

No dia 11 o novo presidente do Chile tomou posse, após 4 anos de governo do direitista Sebastián Piñera. A imprensa internacional deu muito ...