quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Eleições nos EUA (3): Nação X Império

 



O Deep State, ou Estado Profundo, é uma espécie de instituição não aparente que representa os interesses do imperialismo estadunidense. Foi se constituindo após a II Guerra Mundial e é composto por bancos, agentes do mercado financeiro, advogados, contadores, corporações que operam em Wall Street e na City Londrina, parte importante da imprensa, corporações de tecnologia da informação, think tanks e agências de inteligência (CIA, MOSSAD, MI-5, MI-6, FBI, NSA, Departamento de Justiça, etc.). Além disso, o Deep State conta com um conjunto de políticos e estabelece relações muito intimas com o crime organizado.


Indícios apontam que o Deep State esteve envolvido com acontecimentos políticos muito importantes para os EUA e para o mundo. Dentre eles o assassinato do Presidente Kennedy, o golpe contra o Presidente Nixon e os atentados do 11 de setembro. O Deep State possui uma agenda política interna e externa muito concreta.


Do ponto de vista ideológico o Deep State é adepto do neoliberalismo tendo como “Deus” o livre mercado. Do ponto de vista moral o neoliberalismo se assenta na promoção do existencialismo, do egoísmo, do narcisismo, do pessimismo e da competição exacerbada. O neoliberalismo impões aos países pobres medidas como abertura comercial, baixos salários para sua classe trabalhadora e a ausência total de desenvolvimento social, econômico e laboral. As panaceias neoliberais baseiam-se nas ideias de Friedrich Von Hayek, Ludwig Von Misses e Milton Friedman. Os agentes do imperialismo tentam transmitir a falsa ideia de que existe uma democracia política e que a população seria capaz de eleger seus representantes. Isso não condiz com a realidade já que a estrutura do sistema baseia-se em um modelo oligárquico. 


O Partido Democrata dos Estados Unidos exerce papel fundamental para a manutenção da estrutura oligárquica e imperialista, sendo diretamente responsáveis por um conjunto de guerras e golpes de Estado por todo o mundo: Irã, Guatemala, Indonésia, Paquistão, Vietnã, Brasil, Repúblicas Balcânicas, Geórgia, Filipinas, Panamá, Egito, Iraque, Líbia, Malásia, países da América Central e do Sul, Síria, Ucrânia e Iêmen. O Iêmen enfrenta as consequências de um ataque imperialista pelas vias de bombardeios, inclusive sendo alvo de armas táticas nucleares, em uma guerra quente que está destruindo por completo o país. 


Os mesmo democratas que criticam Trump e que alegam serem humanitários e defensores da democracia quando estão no governo representam o que há de pior no imperialismo. Apresentam-se como figuras carismáticas, caridosas e progressistas tendo um discurso de suposto contrário aos racismo e em defesa de homossexuais, mulheres e do meio ambiente. 


No poder, os imperialistas nada fazem ou até incentivam, guerras civis, genocídios e formação de milícias de crianças soldados na África. Para o Imperialismo dentro da África não existem pessoas e aquele lugar a destinado como mercado consumidor de armas produzidas pelo complexo industrial militar, experimento em massa de medicamentos e vacinas em pessoas e extração de riquezas minerais como ouro, diamante, petróleo e outras matérias primas. Em países da América Central, na Colômbia e no México o imperialismo constituiu sistema complexos de infraestrutura e de mão de obra para a produção e transporte de drogas. As drogas da América e os petróleo e metais preciosos da África servem como elementos fundamentais para gerar lastro e sustentação para os sistemas financeiros especulativos de bolsas de valores em Wall Street e na City Londrina.


O imperialismo assassinou diversas lideranças políticas importantes no mundo: Aldo Moro, Salvador Allende, Indira Gandhi, Patrice Lumumba, Getúlio Vargas, João Goulart, Ernesto Che Guevara, Jaime Roldos, Omar Torrijos, Luis Donaldo Colosio, Zulfikar Ali Bhutto, Benazir Buttho, Mohammad Najibullah, Thomas Sankara, Saddam Hussein, Muammar al-Gadaffi, entre outros. O imperialismo deixou vítimas dentro dos próprios Estados Unidos: John Kennedy, Robert Kennedy, John Lennon, Martin Luther King e Malcolm X. Alfred Herrhausen, presidente do Deutsche Bank que se opunha a agenda neoliberal e defendia um projeto de industrialização e pleno emprego, teve um assassinato tão bem elaborado e sofisticado que chega ser quase que inacreditável. Todas essas mortes servem como recado sobre o que acontece contra aqueles que se opõe e enfrentam o imperialismo. 


O combate ao racismo oportunista de Bill Clinton e Barack Obama se contradiz com suas ações que levaram fora dos Estados Unidos à morte de pessoas que trabalham com o tráfico de drogas na América Latina e refugiados de guerra na Ásia e na África.  Dentro do país promoveram políticas higienistas com a permissão ou estímulo aos subúrbios de cheios de negros e latinos segregados nas diversas cidades dos EUA. Os imperialistas utilizam a National Edowement for Democracy (NED), uma agência governamental que afirma promover a democracia no mundo para desestabilizar governos financiando propagandas na TV que os acusam de corrupção ou comunismo constantemente ou por meio de revoluções coloridas.
Donald Trump pode até ter um conjunto de características pessoais e defeitos, porém achar que ele mal ou bonzinho é uma imagem muito simplista e infantil da realidade. Seria mais fácil entender o conjunto de valores e o projeto que ele representa. Sua atuação política se aproxima mais de uma afirmação da nação dos EUA e menos do Império, a exemplo de preceitos estabelecidos por Alexander Hamilton na sequência da Revolução dos EUA. Seus compromissos parecem estar mais próximos de atividades econômicas reais do que especulativos, o que de certo modo o aproxima de empreendimentos econômicos chineses, como, por exemplo, as novas rotas da seda e a rota do cavalo e do chá.


 Com isso, as eleições dos EUA de 2020 pode ser interpretada como uma disputa capaz até de deflagrar uma guerra civil entre imperialistas representados por Joe Biden e por uma espécie de nacionalistas representado por Donald Trump. Os resultados dessa eleição afetará diretamente o futuro da nação e do povo brasileiro, portanto deve ser tratada e enxergado com o máximo possível de discernimento e responsabilidade. Caso nos limitemos a cair no conto de quem é “bom” e quem é “ruim” que nos é transmitido pela propaganda a chance de nos darmos mal é muito grande.


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Nagorno-Karabakh/Artsakh: um conflito imperialista


O conflito territorial entre Armênia e Azerbaijão envolve uma região que, atribuída pela ONU ao Azerbaijão, foi ocupada em 1988 pela Armênia, e mantida sob essa ocupação, disfarçada de um "estado independente" até 2020. No final de setembro deste ano, os países entraram em guerra total, sendo que o Azerbaijão pretende continuar na guerra até que retome o território que afirma ser seu, integralmente.

A negociação, a diplomacia eram possíveis neste caso, apesar de os países envolvidos não aparentarem querer negociar. Sabe-se que o imperialismo não costuma ter muita vontade de negociar qualquer coisa. Pelo contrário, seu único interesse é a expropriação e o saque. Aliás, o Azerbaijão parece ser um país mais alinhado ao imperialismo (por exemplo, comprou drones de Israel), enquanto a Armênia tem melhores relações com Rússia e Irã. Contudo, a Rússia pretende aparecer como mediadora de uma possível negociação de paz: o país não tem condições de defender a Armênia militarmente, já que o Azerbaijão tem apoio total de um membro da OTAN: a Turquia. 

A Turquia, além de ser membro da OTAN, tem pretensões de ser uma potência local, algo como um "vice-rei" do imperialismo no Oriente Médio. Resultado disso é sua aliança ferrenha com o Azerbaijão, o que pode, facilmente, se tornar apoio militar. 

O conflito na região do Caúcaso é prejudicial para todos os países da região, Irã, Armênia, Rússia, e mesmo a China, já que isso prejudica seus interesses de desenvolvimento ligados à iniciativa Belt and Road (As novas rotas da seda): o conflito é uma grande fonte de instabilidade, tanto para o Cáucaso, quanto para toda a Ásia, em especial a Ásia Central (e, perto dali, Xinjiang, ou, segundo a CIA, o Turquestão, a província chinesa que o imperialismo sonha em separar da China, para enfraquecer o país). Mesmo o Azerbaijão acaba tendo um papel secundário: poderá recuperar seu território, mas com um custo muito alto. A região é difícil de ser invadida, por ser montanhosa. O conflito tem o potencial de se prolongar por anos, caso nenhuma potência se envolva mais do que já estão - o que, inclusive, é um risco que se prolonga no tempo, e que pode evoluir para uma guerra em grande escala.

Portanto, o único beneficiário local desse conflito é a Turquia. Contudo, mais importante que isso, o grande beneficiário do conflito é o imperialismo: pode comer pipoca enquanto seus rivais de digladiam (o que inclui a Turquia de Erdogan, que não é 100% alinhada ao imperialismo). 

As negociações e a paz, aqui, devem ser levadas em consideração, caso as partes envolvidas não queiram ser responsáveis pela destruição da região. 

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Eleições, luta de classes e polarização nos EUA

 

As eleições nos EUA parecem estar avançando para uma guerra civil, com movimentos de "extrema" esquerda e direita nas ruas, armados até os dentes, cada um representando um candidato. Contudo, apesar de Biden tentar se aproveitar dos movimentos de esquerda para fazer demagogia, eles derivam de dois fatores materiais: o caráter extremamente racista do Estado norte-americano, principalmente da polícia, que opera uma verdadeira política genocida contra a população preta, e, principalmente, o acirramento da luta de classes.

Esquerda armada para a autodefesa
    

Os Estados Unidos estão em uma situação de miséria total, uma parcela significativa da população foi expulsa de casa por não ter dinheiro para o aluguel, e está vivendo em containers, em trailers, ou na rua. O COVID-19 se alastrou como fogo em palha e o sistema de saúde do país é cruel, o menor arranhão pode levar uma pessoa pobre à falência, já que os custos são altíssimos e os planos de saúde do país têm listas com milhares de condições de saúde que não têm cobertura. O colapso do capitalismo no país só não é total porque o povo ainda não fez a revolução, porque as condições de vida lá são iguais ou piores que as condições de vida do século XIX.

Boogaloo Boys da extrema-direita

Contudo, os movimentos de esquerda não parecem ter uma ideologia completa, como o Black lives matter, sem uma política para além da questão antirracista, ou o Antifa, que não é um movimento em si, mas um elemento de autoafirmação dos militantes, que podem ser anarquistas, comunistas, ou neoliberais. Essa falta de ideologia é aproveitada por Biden e pelo partido democrata e tentam usar a convulsão social do país contra Trump, que é apoiado por milícias fascistas, de extrema-direita (que são chamados, pelos democratas, de terroristas). Assim que as eleições acabarem, se Biden ganhar, a esquerda automaticamente será transformada em "terrorista" e será duramente reprimida, de forma mais intensa que a repressão contra a direita, sendo que ela pode, inclusive, se juntar a essa repressão.

A grande tarefa da esquerda é continuar nas ruas, ter uma organização, uma orientação que seja capaz de levar adiante a luta de classes e fazer a revolução: "aperfeiçoar", realizar o colapso do capitalismo que já é uma realidade. Essa orientação ideológica pode, inclusive, nem ser formalmente marxista, mas seu conteúdo com certeza o será: a classe operária deve continuar polarizada até que tome o poder, nunca recuar, não se deixar levar por eleições, não acreditar que a vitória do Biden é a vitória dos trabalhadores, porque não é: ele é mais fascista que o próprio Trump, e, finalmente, fazer a revolução, para que um sistema econômico novo supere o capitalismo moribundo.

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O que faz de Nogueira o 1° nas pesquisas, mesmo com a crise terminal da direita golpista no regime político

 


A direita tradicional está em crise. Mesmo com os espólios do golpe de 2016, os estragos e a destruição econômica fizeram do ambiente político instável. Isso impediu que o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Democratas (DEM) e Movimento Democrático Brasileiro (MDB), a direita golpista, não tivessem favoritismo eleitoral. Partindo desta crise generalizada, Bolsonaro conseguiu se alavancar por ter alguma base social real, conquistando o cargo presidencial. 

A conquista do Bolsonarismo não estava nos planos dos golpistas, que lutam para controlar o presidente e isolá-lo. As crises no governo federal surgem deste impasse, que não parece ter uma solução diplomática entre a extrema-direita e a direita tradicional, apesar do abraço de Bolsonaro a Dias Tóffoli sinalizar como gesto de certa normalização no regime político. 

A disputa eleitoral no principal polo do país, São Paulo, com o candidato bolsonarista na frente explicita o esfacelamento dos tradicionais partidos de direita (MDB, PSDB e DEM). Ribeirão Preto, cidade no interior de São Paulo, não é um ponto fora da curva, apesar dos tucanos se encontrarem agora na liderança das pesquisas eleitorais. 



Dois políticos de partidos de direita desistiram de participar da eleição mesmo tendo um eleitorado de mais de 100 mil consolidado e chances de ganhar. Os mencionados são do Partido Social Democrático (Ricardo Silva) e do MDB (Gandini). Ambos publicaram notas despolitizadas e evasivas nas quais não explicaram por qual motivo deixariam o povo sofrer com mais um mandato de Nogueira (PSDB). 



Em nota, Gandini aponta ataques que estava sofrendo por causa de sua candidatura: “Eu, ontem (11/09/2020 – Adendo nosso) diante de uma somatória dessas situações, resisti e saí em defesa da minha honra, da minha dignidade e da minha história, que são meus maiores patrimônios”. Até agora não está claro o que realmente pressionou o pretenso candidato, entretanto o pesado jogo político local indica que a ofensiva poderia ser devastadora. Esta tese fica clara ao notar que o pedido do PSDB local na Justiça Eleitoral contra Ricardo Silva foi acatado, gerando multa de 10 mil reais por propagação de Fake News e Propaganda Eleitoral Antecipada. O parlamentar tem imunidade, o que deveria protege-lo de qualquer tipo de cerceamento, porém nem mesmo isso fez dele livre das garras da censura. Aqui não entraremos no mérito do que foi dito por Ricardo Silva. Não somos avalistas da verdade e denunciamos todos aqueles que, se utilizando da cruzada das Fake News, cinicamente impõem o silêncio e a censura. Nosso jornal é pela liberdade irrestrita, pois sabe que a luta para acabar com as mentiras do mundo é mera demagogia dos monopólios de comunicação. 

O PSD e o MDB, abrindo mão do protagonismo no pleito de 2020, colocaram duas candidatas para evitar o total desmantelamento político local, mas o pífio desempenho nas pesquisas demonstra a ineficácia da manobra política. 

Os bolsonaristas, que poderiam rachar o eleitorado tucano, tiveram um duro golpe judicial, tendo a Justiça anulado uma Convenção Partidária do Partido Social Liberal (PSL), mostrando que não só a imunidade parlamentar e a liberdade de expressão foram atacadas nesta disputa, como também está sendo alvo de ataques a autonomia partidária. O latim farsesco e pseudo-legalista de alguns é mera manobra para encobrir uma verdade: apenas nas ditaduras uma decisão judicial é mais poderosa que uma convenção partidária. 


A vitória tucana ocorrerá em meio aos escombros da direita tradicional e a perseguição aos bolsonaristas, mostrando ao povo de modo transparente que não basta ser querido para vencer uma disputa. Tendo passado pela mais forte greve dos servidores da cidade (2019), que tinha a palavra de ordem Fora Nogueira como objetivo de impor o impeachment e mesmo sendo acuado este ano por uma turba de comerciantes bolsonaristas ensandecidos para atacar fisicamente o prefeito, ele vai se reeleger. Alguns idiotas vão culpar o povo da cidade, falando que a cidade é terra de coxinhas reacionários sem citar nenhuma das manobras políticas acima, acreditando que o voto expressa a realidade política local. 



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Editoral 12/10/2020 - Boulos, o novo Ciro Gomes da Frente Ampla


As eleições municipais de 2020 apresentam um quadro político lamentável para a esquerda, aliás das direções da esquerda pequeno-burguesa que insistentemente faz campanha pelo Guilherme Boulos na cidade de São Paulo como se fosse o salvador ou o representante untado pelo Deus do povo para vencer o bolsonarismo e a direita. Olhar para a cidade de São Paulo esclarece-nos o mecanismo da política da Frente Ampla e dos acordos com os golpistas.

Quando a esquerda apoia Guilherme Boulos do PSOL e sua vice, Luiza Erundina (PSOL), aparentemente a ideia posta por esse setor seria a de que a esquerda teria, com Boulos, chances da vitória eleitoral no município. O problema que a análise não é tão simples assim como eles querem fazer crer.

A entrada de Boulos com a Erundina, que enquanto prefeita fez sérios ataques aos trabalhadores (ataque aos servidores da CMTC que lutavam contra a privatização), corresponde ao Ciro Gomes de 2018, só que a um Ciro de esquerda, já que o Ciro é mais direitista do que ele mesmo se pinta, veja-se o posicionamento dele defendendo a prisão do Lula. 

Boulos e Erundina servirá para transferir os votos para a direita golpista. Num quadro da direta contra os candidatos bolsonaristas, o Boulos servirá para que a direita possa ter uma perspectiva de vitória.

Quando se fala em Frente Ampla, da política de acordo da direita com a esquerda contra o bolsonarismo, na prática é isso o que ocorre: a direita é a única beneficiária. Por isso que a esquerda e seus partidos têm que defender o programa dos trabalhadores, independente de alianças (Frente Ampla) com a direita golpista. Caso semelhante ocorre no Rio de Janeiro: a direita golpista e o bolsonarismo estão em franco conflito (Eduardo Paes e Crivella, respectivamente) e Marcelo Freixo (PSOL), representante da Frente Ampla no Rio, para ajudar Eduardo Paes (DEM), retira sua candidatura (https://diariodorio.com/sem-freixo-pesquisa-mostra-eduardo-paes-vencendo-em-1o-turno/). 

A política da Frente Ampla (Boulos, Haddad, Fernando Henrique Cardoso, Aldo Rebelo, Reinaldo Azevedo) contra o Bolsonaro reflete uma política da direita em pedir ajuda da esquerda, já que a direita não tem tanta força eleitoral quanto os bolsonaristas têm. É uma política histórica de capitulação da esquerda e sua primeira ocorrência foi na Frente Popular europeia contra o "fascismo": o que resultou na frustração das revoluções socialistas e consolidação do regime sob o controle dos partidos burgueses na Europa.

O interessante é que na Frente Ampla participa todos, menos o Lula, sendo o político que, nas condições políticas atuais, posiciona-se como aquele que se opõe a política golpista, já que foi preso e retirado das eleições pela justiça golpista (Lava-jato, Dallagnol, Sério Moro).

A política independente que a esquerda deve levar é o Fora Bolsonaro, o Fora Direita Golpista e o Sem Frente Ampla. As eleições municipais são, no contexto de aprofundamento do Golpe de Estado e capitulação da esquerda, uma tática de segunda ordem. O povo precisa continuar sendo mobilizado para derrubar os bolsonaristas e a direita pela força. Para isso, é necessário fortalecer a política independente da classe trabalhadora e chamar o Fora Bolsonaro com a organização de núcleos políticos de debate e atos em uma política de politização permanente.

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quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Nada para comemorar: mais uma perseguição política

Rodrigo Junqueira (PSL)

As eleições deveriam ser o campo da soberania do voto popular, sendo este o único critério legítimo e válido dentro do pleito. Nenhuma decisão jurídica deveria tirar, multar ou punir qualquer candidato em uma democracia. 

Em Ribeirão Preto, uma das mais importantes cidades do interior de São Paulo, a candidatura de Rodrigo Junqueira do Partido Social Liberal (PSL) foi anulada pela Justiça Eleitoral sob o pretexto de que o partido havia se dissolvido e não reconhecia a decisão de lançar candidatura. A decisão judicial, que retira a autonomia do partido, é uma perseguição pura, mostrando que só vale o que a Justiça determina. 

Junqueira ainda presidia o diretório municipal quando, por cima, a direção estadual desmontou o partido sem, como ele mesmo afirma, ter o direito de ampla defesa. Mesmo assim, realizou-se uma convenção partidária que colocou seu nome para a disputa. Como não havia força política para paralisar tal ato, a manobra realizada para impedi-lo foi apelar ao Judiciário e o Ministério Público Eleitoral se manifestou para tolher-lhe o direito político. 

O exemplo de Ribeirão Preto mostra que não basta ser afiliado aos setores mais conservadores e reacionários da política para não ser alvo das arbitrariedades do regime, mesmo um bolsonarista convicto como ele é apenas uma peça débil de toda a estrutura política. Desgraçadamente, a esquerda da cidade, ao invés de se levantar uma perseguição bárbara e inaceitável dos direitos políticos de um cidadão, age como uma plateia sádica em um auditório, aplaudindo o esmagamento de mais um indivíduo desprovido de poder. Tal postura oportunista se baseia nas ilusões políticas que mantêm, a ilusão de que sem mobilizar o povo pode, por caminhos escusos, alcançar um cargo. 

Em 2016, Chiarelli foi alvo de uma manobra semelhante, porém muito mais truculenta, na qual foi perseguido, preso e silenciado. Onde estavam os oportunistas de esquerda? Fazendo chacota e repetindo os ataques da Globo contra ele, enquanto a cidade era entregue para os tucanos. Não é necessário ser gênio para entender o que vai acontecer desta vez, por isso não vai surpreender ninguém a reeleição de Nogueira mesmo sendo odiado na cidade. 

Para quem não está embebido nas próprias fantasias de subir na vida, tem pela frente a tarefa de libertar a cidade das perseguições e arbitrariedades, o que ocorrerá apenas por uma mobilização popular operária. Aqui, o texto feito não é simplesmente uma defesa dos direitos de Rodrigo Junqueira, que nem deveriam ser defendidos, posto que não deveriam depender da vontade de ninguém. O que se faz aqui é mostrar ao povo que a direita, por mais que se faça de valente, não tem poder para ultrapassar o regime e só poderá se submeter a ele, da mesma forma que Chiarelli fez: silencioso e com uma bíblia na cadeia. Chiarelli vai buscar esquecer seus fantasmas do passado, já que a qualquer momento podem atormentá-lo novamente, por isso sua campanha vai passar longe de explicar as ilegalidades que foram cometidas contra ele. 

Chiarelli (Patriota)

Enquanto a esquerda ri, os tucanos se fortalecem, menos uma candidatura para atrapalhar. Ao contrário da direita, que cala seus inimigos para se manter no poder, o Farol Operário é o veículo de comunicação que luta pela liberdade, contra o golpe e por um governo operário. É um jornal que sabe de sua tarefa histórica e jamais fará qualquer concessão aos poderosos: o governo operário é uma construção dos trabalhadores organizados em partido com centralismo-democrático. Não vai ser calando as pessoas, mas organizando os trabalhadores que derrotaremos o golpe e transformaremos esta sociedade em uma sociedade avançada e igualitária. 


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quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Amazônia, espólio da invasão do Brasil

Vamos direto ao ponto: A região da Amazônia sempre foi objeto de desejo e cobiça por parte das potências imperialistas. Nunca foi considerada como território brasileiro (ou colombiano, venezuelano, equatoriano, peruano, boliviano), sempre foi retratada, nos mapas das escolas dos EUA, como "patrimônio internacional da humanidade" ou qualquer baboseira do tipo. Essa lógica se disfarça de uma pretensão preservacionista, ambientalista, e, apesar dos mapas das escolas brasileiras (ainda) não retratarem a Amazônia como patrimônio internacional, sempre compramos o discurso ambientalista imperialista, ecletista e genérico, não adaptado à realidade local.

Uma falsa contradição, portanto, a esse discurso e essa lógica preservacionista, seria a devastação da floresta para plantar soja e criar gado: nós, povo brasileiro, somos soberanos, e fazemos o que quisermos com a floresta, podemos inclusive queimá-la. Essa lógica é falsa, pois o povo brasileiro não está queimando a Amazônia, quem o faz são uns poucos latifundiários, com interesses econômicos de curtíssimo prazo, e que, além disso, não beneficiam em nada o país, já que embolsam o lucro (sendo, inclusive, quase sempre, isentos de imposto). 

Esses ruralistas, apesar de parecerem indivíduos isolados, são articulados pelo imperialismo: os lucros da venda da soja, da criação do gado, são, em parte, embolsados pelos proprietários, e, em parte, exportados: A decisiva desindustrialização do país implica que todos esses produtos serão exportados crus, como insumos, a preços irrisórios, e serão industrializados fora. Ou seja, a exploração de riqueza feita dessa maneira é uma exploração imperialista.

Soma-se a isso o fato de que a Amazônia é a região mais rica em recursos naturais do mundo, sendo que, primeiramente, a floresta, por sua quase infinita biodiversidade, tem um valor científico inestimável, e é capaz de fornecer enormes avanços científicos e tecnológicos, nas áreas biológicas, por exemplo. Em segundo lugar, é uma das regiões mais ricas do mundo em recursos hídricos: a água doce é uma riqueza muito cobiçada pelos imperialistas. E por último, e mais importante, os minérios: embaixo da floresta, se encontra quase toda a tabela periódica: há ouro, há urânio, terras-raras, e diversos outros minérios valiosos. A devastação da floresta para produzir soja e gado não tem valor nenhum, se comparada com a verdadeira riqueza da Amazônia.

O discurso imperialista de que o Brasil não preserva a floresta, de que ela é o "pulmão do mundo", e que, por isso, o país deveria perder a soberania sobre ela se alinha à cobiça dos monopólios internacionais de devastarem, eles mesmos, a Amazônia. Dois fatos importantes, aqui. Primeiro, os ruralistas estão defendendo a venda de terras para estrangeiros. Segundo, a estratégia do imperialismo parece ser deixar que os latifundiários, aliados ao governo Bolsonaro, destruam a floresta, para que, após isso, tenham motivo para tomar a região do Brasil, sob um pretexto preservacionista, ambientalista. A partir daí, virão as grandes empresas farmacêuticas, as mineradoras, etc.

A população local também está nos planos do imperialismo: uma região rica em recursos não deve ter dono, a não ser eles próprios. Por isso, estão operando o genocídio contínuo dos povos originários, e mesmo da população local não indígena, por diversos meios. Fazem isso porque uma terra rica e vazia de pessoas é mais fácil de ser sugada até o fim. 

Portanto, é preciso formular uma política própria, nacional, para a exploração sustentável da Amazônia e a colonização da terra, além da valorização dos povos que já a ocupam. É necessário organizar essa atividade, seja pelo manejo sustentável, seja por outros meios que, ao mesmo tempo, preservem a floresta, mantenham a riqueza nas mãos do povo brasileiro - principalmente, dos índios, e não de imperialistas ou latifundiários colaboracionistas e, por fim, façam avançar as forças produtivas e o conhecimento científico da humanidade. 

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Governo Boric será de direita besuntado em um esquerdismo de fachada

No dia 11 o novo presidente do Chile tomou posse, após 4 anos de governo do direitista Sebastián Piñera. A imprensa internacional deu muito ...