quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Editorial 18/09/2020: A luta no interior da burguesia brasileira e estadunidense



A classe operária tem que, pelos seus partidos políticos socialistas e revolucionários, organizar sua força política, alçar uma política clara e combativa contra os ataques do imperialismo à classe trabalhadora com a retirada de direitos sociais, superexposição ao COVID-19 e desemprego crescente, sem realizar acordos com os burgueses, tensionando a política a favor dos interesse dos trabalhadores. Enquanto isso precisa ser estabelecido de fato, a burguesia do Brasil e dos EUA entram cada vez mais em contradição em decorrência de interesses opostos dentro do regime político.


Contradições no Brasil: Bolsonaro, direita golpista e impeachment


A burguesia brasileira está de certa forma  dividida. É preciso esclarecer que a burguesia brasileira de conjunto não tem nenhuma independência política e fica submissa ao imperialismo. Assim, a burguesia nacional apenas mantem a porta aberta para as águias americanas expropriem nossas empresas nacionais e paguem os bancos com o dinheiro de nossos impostos.

Nesses termos, na superfície política aparece o Bolsonaro contra a direita golpista, ala que quer sucede-lo para que o regime político fosse estabilizado ou pelo impeachment do presidente ou por outras medidas de força para garantir a direita golpista no controle.

Essa crise é bastante visível nos ataques da Rede Record (extrema-direita bolsonarista) contra a Rede Globo (direita golpista). Recentemente, a Record está revelando matérias jornalísticas denunciando o esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas realizadas pela família Marinho (Globo) a partir da delação do doleiro Dario Messer.

O ato político dessa disputa interna se traduz no processo de impeachment do Bolsonaro. Note que, se o movimento político da direita se suceder e o Bolsonaro sair, o regime ficará estável para a burguesia. O problema dela é o Bolsonaro e os bolsonaristas. Em momentos específicos no começo deste ano, o Bolsonaro precisou realizar acordos com a ala militar do regime para que não perdesse força política. De todo o modo, as forças armadas seguram ainda um poder político fundamental no regime político brasileiro e cada vez mais ocupa todas as esferas de poder. No limite, a depender do desenvolvimento desse quadro, se a crise no interior da direita aumentar, quem poderá estabilizar o regime político serão os militares com medidas de forças, ditatoriais.


Contradições nos EUA: as eleições americanas e o interesse do imperialismo


As eleições americanas evidenciam a disputa de dois blocos do imperialismo norte-americano. A ala industrialista, com o presidente Donald Trump e a ala financeirista, com o candidato Joe Biden. Pela primeira vez em séculos a ala industrialista venceu nos EUA, no entanto, os imperialistas dos bancos, da guerra e do petróleo pretendem retornar com força total.  

A imprensa americana já associa Joe Biden ao Great Reset (Grande Reinício do Fórum Econômico Mundial) a ser implementado em 2021 em resposta a crise de COVID-19. A ideia geral é a de que os impérios ligados à terceira revolução industrial consigam monopolizar também a quarta revolução industrial (relacionada a alta tecnologia: nanotecnologia, cibernética, robótica, biotecnologia), o que levaria necessariamente à estagnação das forças produtivas e a manutenção da divisão internacional do trabalho, portanto, da sobrevida ao imperialismo dominando os países do terceiro mundo.

A escalada de violência estatal nos Estados Unidos contra a população negra fez com que agrupamentos anti-racistas como o Black Lives Matter gerarem uma onda de protestos e, na antípoda, os Boogaloo Boys, de extrema-direita, saem a campo para suprimir contrapondo-se  ao movimento do Black Lives. Sobre essa tensão que a população está expressando nas ruas, os candidatos à presidência estão utilizando-se para defender determinada ala e com isso ganhar votos, já que esse conflito está centralizando a atenção popular: Trump pende para os Boogaloos e Biden, para o Black Lives Matter.


A tarefa da classe trabalhadora


Toda análise passa necessariamente pela relação entre a burguesia, pequena-burguesia e a classe trabalhadora. Como se verifica, tanto no Brasil e nos EUA a burguesia está em uma crise em decorrência de interesses políticos e econômicos internos conflitantes. A pequena-burguesia, sem expressão própria, oscila segundo os interesses de determinado setor da burguesia: bolsonaristas e boogaloos. A classe trabalhadora, apesar do alto índice de desemprego nesses dois países, segue a reboque nessa crise política sem conseguir expressar sua política de classe. Pode aparecer, em alguns momentos na política do Black Lives Matter, contra a repressão estatal, porém é rapidamente absorvido pela discurso dos imperialistas humanitários da chapa Biden-Kamala. Aqui no Brasil, o PT, PSOL e PCdoB na política de frente ampla (aliança com a direita) procura em vão opor-se ao Bolsonarismo. O fator agravante nessa política de frente ampla são as eleições municipais, momento em que vale tudo, inclusive fazer alianças com a direita golpista para que a esquerda alcance cargos no município. 

É preciso deixar claro que o motivo do recuo da força da classe trabalhadora consiste na política de frente ampla, na política de concessões com a direita.

As organizações populares, de trabalhadores em seus partidos, sindicatos, conselhos populares, jornais operários devem manter a todo custo uma política independente da classe trabalhadora. Sem isso, não há qualquer possibilidade de derrotar a burguesia no campo político.


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Só o Fora Bolsonaro é prática anti-esportiva



No dia 28 de setembro de 2020, a jogadora de vôlei de praia, Carol Solberg, foi intimada pela Justiça Desportiva por causa de uma manifestação política. Ao fazer parte do podium com o bronze, terminou a entrevista que sua dupla estava dando com um Fora Bolsonaro. 

A jogadora recebeu destaque, sendo ovacionada na internet e, por isso, começou a ser perseguida. Após sua ação ter sido repercutida amplamente, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) lançou uma nota criticando Carol numa clara manobra de adulação e silenciamento, que buscou se legitimar em normas extremamente abstratas. A natural expressão de descontentamento foi classificada como conduta anti-ética e anti-esportiva, o que abriu espaço para que Carol fosse perseguida pela Justiça Desportiva. 

No dia 29 de setembro de 2020, o subprocurador pediu pena máxima que pode chegar a punição de 100 mil reais e ainda proibição de até 6 partidas. Caso seja perseguida, Carol Solberg terá um confisco de aproximadamente 2 anos de premiações que obteve em competições, um valor extremamente alto que apenas foi alcançado pela atleta por ter sido premiada de 2018 até aqui com um primeiro lugar, dois segundos, dois terceiros, um quarto, três quintos e um nono (total de 104 mil reais bruto em premiação, que foi compartilhada com a equipe técnica).

A manifestação de Carol foi única por sua coragem, mas no vôlei já houve outras manifestações em favor de Bolsonaro e, no título do Palmeiras, o presidente foi convidado para comemorar. Em nenhuma destas bajulações ocorreu qualquer tipo de retaliação, mostrando que o regulamento da Justiça Desportiva é tão persecutório quanto qualquer outro ramo da Justiça. 




Cabe ressaltar aqui que não se deve pedir a perseguição de ninguém, mas a liberdade irrestrita para que todos possam se manifestar. Nunca esqueçamos os sábios romanos: “Aos amigos tudo, aos inimigos a lei”.


Abaixo a perseguição judicial contra Carol Solberg

Liberdade de manifestação 


Na íntegra no nosso blog.

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quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Minha Casa, Minha Vida

 


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O sonho acabou

 

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Dória quer abrir as escolas: descaso com a população



Dória quer abrir as escolas, em outubro, com opção de abertura em setembro, apesar de não haver nenhum sinal de que a pandemia esteja desacelerando. É difícil pensar em um ambiente mais propenso a infecções: crianças aglomeradas em salas e pátios, sendo que não se pode exigir delas um comportamento adequado à prevenção. Apesar de o vírus não ser tão mortal quando afeta crianças, elas podem infectar os pais, os avós, e alastrar de vez a doença.

Mesmo se pensarmos em abrir as escolas apenas para o ensino médio, as condições de higiene e manutenção nas escolas estão muito atrás do nível de segurança desejado para prevenir efetivamente o contágio.

Sem contar que, em tempos de crise, as escolas podem ter um uso muito melhor: criação de centros de atendimento, centros de quarentena para os infectados, restaurantes populares, abrigos emergenciais para moradores de rua, enfim, são muitas as opções.

A solução é a greve: os professores devem se organizar e parar a abertura das escolas à força. Só assim poderemos impedir essa medida genocida.


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O ataque contra Zanin é político


Cristiano Zanin, advogado de Lula, foi algo de um ataque político disfarçado de combate à corrupção: sofreu uma busca e apreensão em seu escritório e em sua casa, acusado de estar envolvido em desvio de dinheiro do sistema S. O advogado, em nota, diz que toda sua relação com o caso está documentada, e está provado que não está envolvido com crime algum. Contudo, isso não importa: a Lava-jato não é uma operação honesta de combate à corrupção. É uma operação política de combate à esquerda e é instrumento do imperialismo inclusive.

Zanin está sendo atacado politicamente, está sendo punido por defender um político de esquerda, no caso, Lula. (E já foi antes, quando o acusaram de receber dinheiro da Odebretch). 

A busca e apreensão que sofreu, repleta de irregularidades, também é fruto do ambiente de total ausência de constitucionalidade no Brasil. Hoje, as instituições não se guiam pela lei e pela Constituição, nem na aparência: o que há é a implantação, mesmo que gradual, de um regime de força.

Não é possível saber se é coincidência ou não essa operação ter ocorrido logo após o pronunciamento de Lula do dia 7 de setembro ou não. Mas não é necessário, fica claro o efeito político: punir um advogado por exercer sua profissão de forma a defender Lula, que é o principal instrumento político da classe trabalhadora brasileira.


A nota, inteira, de Zanin:

https://www.conjur.com.br/dl/nota-zanin.pdf


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A Importância da Criação de Conselhos Locais Para a Organização do Fora- Bolsonaro

 


A crise pandêmica do Coronavirus no Brasil chegou à mais de 100 mil vítimas fatais, no entanto não há perspectivas de que nenhuma medida de saúde à altura seja tomada pelos chefes de governos. Tudo isso enquanto a rotina do brasileiro é normalizada, mesmo sobre os altos riscos de contágio.

No atual estágio, a campanha do "Fique Em Casa" perde todo seu sentido, uma vez que não possui nenhuma eficácia coletiva, já que, independente de quem tem esse privilégio, o trabalhador que está nas ruas não parará de circular o vírus. Assim, tal medida protege apenas as camadas mais favorecidas e ainda contribui em tirar a responsabilidade dos governantes e a joga, como quase sempre, à população, que, tendo a necessidade de pôr o pão na mesa, não deixará de estar à mercê da pandemia.

Ironicamente, o "Fique em Casa" é utilizado muito mais como um instrumento de opressão da máquina estatal, evitando mobilizações e protestos contra as atitudes ditatoriais e assassinas do governo bolsonarista. Ou seja, trata-se de uma justificativa, apoiada inclusive pela esquerda burguesa, para que haja a repressão, jogando a responsabilidade da resolução da pandemia para a câmara e os estados na chamada Frente Ampla. Atitude essa extremamente ingênua, do ponto de vista dos reais problemas que vivenciamos, ou munidas de interesses distorcidos e alheios aos reais interesses sociais, por partes dos partidos e governantes.

Sem mobilizações coerentes com a urgência da situação em que vivemos por parte de nossos representantes, a única solução possível, como de se esperado, deve vir da base. O povo deve se organizar em Conselhos Locais, sejam eles em âmbito municipal, de bairro, ou da determinação geográfica que melhor for conveniente de acordo com a região. Esses Conselhos, que devem contar com a mais ampla participação popular possível, sem qualquer tipo de discriminação, irá propor e discutir ações que mobilizará o suprimento das necessidades da população local, seja de âmbito básico, como a falta de comida, moradia, saúde, higiene, como de questões políticas mais complexas.  Assim, um órgão autônomo que atuará de imediato nos problemas que puder resolver conjuntamente entre si, sem intermediários, e intervirá coletivamente frente as autoridades locais quando necessário, para fazer valer os direitos de cada cidadão local. Temos um exemplo de Conselho Local bem sucedido, instaurado neste período de crise, no complexo de favelas da Maré, no Rio de Janeiro, que beneficia diretamente mais de 4.500 moradores com ações nas áreas de educação, arte, cultura, memória, segurança pública e desenvolvimento territorial que buscam superar a desigualdade histórica enfrentada pelas populações das favelas.

Os conselhos locais também tem a função de politizar seus membros, levando debates e discussões a respeito dos reais problemas e de suas causas, no intuito de fazer valer a voz das classes oprimidas, através de protestos ou qualquer tipo de intervenção que seja oportuna. O ato Fora Bolsonaro organizado em Araraquara, no dia 26 de junho, foi um bom exemplo de protesto objetivo e politizado, capaz de dialogar com um grande número de pessoas que até então, possivelmente, não tiveram oportunidade de ter contato com tais informações, dado o conteúdo precário da grande mídia.

Portanto, estes conselhos, ou comitês, na conjuntura atual, deve ser o principal instrumento da esquerda para movimentar a base e formar um alicerce para contrapor o atual governo. Questões urgentes e de caráter nacional que deverão ser pautadas são a atuação direta dos sindicatos nas decisões quanto ao funcionamento do comércio, a manutenção de empregos e direitos trabalhistas à população e a garantia de atendimentos e tratamentos de saúde à classe trabalhadora.


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Governo Boric será de direita besuntado em um esquerdismo de fachada

No dia 11 o novo presidente do Chile tomou posse, após 4 anos de governo do direitista Sebastián Piñera. A imprensa internacional deu muito ...