quarta-feira, 29 de julho de 2020

A Luta pelo Fora Bolsonaro em Fernandópolis

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Na manhã do dia 18 de julho, ocorreu a 3ª reunião do Comitê Fora Bolsonaro de Fernandópolis. A reunião pública na Praça da Matriz da cidade, contou com a participação de professores e sindicalistas partidários do PT, Solidariedade e PCO. Também foram afixados cartazes pelo Fora Bolsonaro e Todos os Golpistas, Abaixo o Escola com Fascismo, além de outros.
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Arte-convocação para a 3ª reunião compartilhado nas redes sociais e em grupos de Whatsapp.

Na ocasião, foram discutidas as diretrizes políticas do Comitê e as pautas para a próxima reunião. Como este jornal apoia a formação dos Comitês de Luta pelo Fora Bolsonaro, foi também apresentado e distribuído o material do jornal com matérias explicando a necessidade de formação dos comitês diante da paralisia da esquerda e explicando que as eleições farão refluir o movimento popular pelo Fora Bolsonaro.

A 3ª reunião pública teve grande êxito em estabelecer acordos com outras organizações populares para a composição de forças na tarefa de promover a agitação política pelo Fora Bolsonaro, esclarecer a população do caráter antipovo desse governo e continuar agregando os setores mais esclarecidos da população para a luta.

O Farol Operário fica à disposição do Comitê Fora Bolsonaro para fornecer materiais, cartazes para serem colados e sua estrutura jornalísitca para impulsionar o movimento. Para nós, a luta popular real deve continuar e não se deve recuar nenhum milímetro perante a direita golpista.

Para quem quiser participar da 4ª reunião do Comitê Fora Bolsonaro em Fernandópolis, contate o Farol Operário pelo e-mail farol.op17@gmail.com.

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terça-feira, 28 de julho de 2020

Por que contribuir financeiramente com a imprensa operária?

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O Farol Operário mantém as atividades do seu Comitê de Redação pela venda de jornais nas ruas e pelo link do Apoia-se

A imprensa operária é uma ferramenta da classe trabalhadora para denunciar os ataques dos capitalistas contra o povo, ou seja, é uma imprensa que combate a mídia tradicional. Dessa forma, enquanto a burguesia utiliza os veículos de comunição tradicionais como sua ferramente ideológica, o povo só pode contar com uma imprensa que defende seus interesses e que não seja financiada pela burguesia. Só dessa forma é possível desenvolver uma independência política, de pensamento e crítica.
O problema, no entanto, apresenta-se no sentido de como financiar a imprensa operária, já que os jornalistas não recebem nenhum centavo da burguesia. Não recebem porque as matérias jornalísticas produzidas chocam-se com o interesse político e econômico dos capitalistas, portanto não há o que se cogitar em ser bancado pelos burgueses. Dessas considerações, pode-se concluir que uma imprensa financiada pela burguesia jamais será operária e jamais será independente, porque apenas reproduzirá e defenderá a política burguesa.
No Brasil, só como exemplo, apenas algumas famílias concentram todo o empreendimento midiático do país. A Globo, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, a Veja etc. são expressões desse oligopólio midiático e, em maior ou menor grau, defendem a mesma política, ou seja defendem a direita e seus partidos. Por esses jornais, não é claro uma análise crítica dos acontecimentos. Esses jornais apenas se apresentam como “imparciais”, como se somente noticiassem os fatos sem discutir sobre eles. Obviamente, quem apresenta notícias “imparciais” sem qualquer contraditório, oposição ou crítica está, na prática, defendendo um único ponto de vista e, nesse caso, o ponto de vista da burguesia.
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Em 1964, o jornal "imparcial" o Globo defendeu abertamente o golpe de Estado pelos militares.

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Lembrando que nos Editoriais (seção de opinião do jornal) do O Globo, Estado de São Paulo e Folha de São Paulo houve a defesa expressa do impeachment da ex-presidente Dilma Roussef. De certo, uma maneira imparcial de defender o golpe de Estado.
Diante dessa perspectiva hegemônica imposta, há a necessidade de defender um jornal com um ponto de vista diverso, oposto. Quando a imprensa burguesa diz que é “imparcial” isso em nada significa, ela apenas está tentando valorizar e legitimar seu conteúdo de autoridade. Quem deve fazer um balanço se um jornal tem ou não valor é a própria população, mas para isso, deve lançar mão de um ponto de vista contrário, ter em mãos um jornal operário. Sem isso, obviamente a imprensa corrente passará por “verdadeira”, “legítima” e “imparcial”, propagandas que fazem com que a população não leia outro tipo de conteúdo, senão o da “mídia imparcial”, que é totalmente parcial, conforme vimos acima.
O jornal operário, portanto, é uma ferramenta social que amplia a experiência da democracia popular, porque materializa a perspectiva crítica, diversa da ditadura informacional dos grandes monopólios de comunicação. 

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O jornal Farol Operário, abertamente de orientação política marxista, defensor das lutas e organizações populares, portanto, crítica, desenvolve-se nesse contexto e depende exclusivamente do apoio financeiro dos trabalhadores para continuar existindo. Nós contamos com material audiovisual e escrito nas redes sociais (Facebook e Instagram) e com um blog, local onde se concentra nossas matérias escritas.
Em decorrência de atividades políticas desenvolvidas em Fernandópolis e Ribeirão Preto, seja nos comitês Fora Bolsonaro, atuação nos sindicatos ou em partidos políticos da esquerda, sempre precisamos de contribuição para custear nossas folhas volantes e, por ora, de recursos para continuarmos transmitindo nosso conteudo audiovisual nas redes.
Para nós, a contribuição não precisa ser vultuosa e de uma só vez. É preferível, para que consigamos arrecadar mês a mês, uma assinatura solidária o quanto puder no site Apoia-se já nos ajuda muito a continuarmos o nosso trabalho e que o comitê redacional não tenha que paralisar em decorrência de problemas por problemas em nossas máquinas ou nas impressoras. Se conseguirem realizar assinaturas solidárias, podemos também enviar brindes, imãs em defesa das torcidas antifascistas, em homenagem à Marielle Franco, do Lula Livre etc.
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Rafael Suzuki
Comitê de Redação do Farol Operário

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Editorial 27/7/2020: Imperialistas admitem imperialismo

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Elon Musk não faz uso de uma ideologia colonialista que afirma que o europeu, o colonizador é superior e vai trazer a civilização para os países dominados. Não afirma que o governo da Bolívia era ditatorial e a intenção do golpe era proteger a democracia. Não procura dizer que o golpe na Bolívia é fruto de conflitos internos do país.

 Elon Musk simplesmente fala: "eu dou golpe em quem eu quiser, se eu quiser roubar o lítio da Bolívia, eu vou la e roubo". 

O imperialismo está nu: a lei do mais forte, que é a verdadeira lei que rege a sociedade desde sempre, está escancarada. Não há justificativa, não há ideologia, não há religião que possa esconder isso. A máscara caiu. Só a força é que conta. É o que contou para derrubar o governo popular de Evo. É o que contou para derrubar Dilma e inúmeros outros governos pelo mundo, e é o que levou à prisão de Lula. A única linguagem que a burguesia entende é a força.
Isso mostra duas coisas: primeiro, a podridão da política da esquerda pequeno burguesa, que luta por ideias abstratos como democracia, "somos 70%", em aliança com a direita. A direita nada mais é do que um punhado de colaboracionistas, submissos ao império. Não existe razão ou argumentação para a direita, só a força.

Segundo, mostra que a classe trabalhadora pode, e deve, se impor pela força. Se quisermos impedir os Elon Musks, os Bill Gates, os Zuckbergs, os Bezos, os Soros ou os Kochs, dentre tantos outros, de roubar nossos recursos naturais, precisamos nos impor! E uma coisa é certa: a organização da classe trabalhadora como força política é um gigante que nenhuma organização burguesa, nenhuma organização da classe dominante pode enfrentar.

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domingo, 26 de julho de 2020

Por dentro do ato do Largo da Batata- uma visão de um marxista

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Veja aqui um pouco do relato de um militante marxista que participou do ato antifascista e pela democracia realizado no Largo da Batata no dia 07/06/2020. Para manter a fidelidade do relato, mantivemos aqui a forma como nos foi repassado:

Farol Operário: E aí, foi na Paulista?
“Mudaram pro largo da batata. Eu fui, mas achei bem desmobilizante. Fiquei algumas horas, perguntei se o ato ia andar pra um pessoal com colete da Conlutas e não sabiam dizer. 
O carro de som era da CTB e tinha adesivado aquele movimento Estamos #Juntos que é de um empresário parece. Tinha uma faixa da Democracia Corinthiana nesse carro de som. 
Estranhei que tinham pessoas com bandeira do Brasil e do Estado de São Paulo.”

Farol Operário: Você gostaria de fazer um relato, com as considerações políticas inclusive, falando se tinha gente com cartaz, panfleto, grupos realmente organizados e faixas?
“Tinha organizações que identifiquei, como bandeiras da UNE, UEE, MTST, Democracia Corinthiana, PSTU, PSOL, Esquerda Marxista, Diálogo e Ação Petista. 
A maioria eram pessoas soltas, desde anarquistas até pessoas que foram com boné do MST, camiseta do PT, camiseta do Corinthians ou Democracia Corinthiana, mas não sendo da organizada. Senti falta de uma bandeira bem grande do PT, ao mesmo tempo me senti estranho em estar em um ato com bandeiras do Estado de São Paulo e do Brasil, inclusive tinha pessoas com bandeira do Estado de São Paulo tatuada. 
Estranhei também o movimento Estamos #Juntos adesivado no carro de som, talvez por isso o PT não tenha abraçado esse ato por não compactuar com essa confusão misturada com a direita. O ato também teve um clima de desmobilização, com palavras de ordem extremamente genérica. 

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A nação brasileira sob ataque de uma guerra híbrida

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A partir do ano de 2003, com o início do governo Lula o povo brasileiro vivia uma onda de esperança associada as melhorias das condições internas e do protagonismo do país no âmbito internacional. Naquele momento o Brasil se associava ao BRICS, parceria estratégica de nações emergentes do terceiro mundo. Após 8 anos de governo Lula, em 2011 inicia o governo de Dilma Roussef e a vice presidência da república que antes era exercida por José Alencar, um industrial do estado de Minas Gerais, passa a ser exercida por Michel Temer, um político conhecido menos pelos seus votos e mais por articulações e negociações indecorosas. Temer era de São Paulo, centro financeiro e símbolo do capital especulativo do Brasil e de toda a América Latina.

A partir de então o que se vê é uma sucessão de eventos marcados por um forte protagonismo dos aparatos policial e judicial, críticas ininterruptas ao governo dos canais de comunicação hegemônicos e estranhas manifestações nunca antes vistas e cujo epicentro foi São Paulo. Tudo isso levou a uma crise política e econômica que criou condições materiais a um golpe que ainda permanece em curso e que coloca o Brasil enquanto nação e o povo brasileiro em condições cada vez mais degradantes de vida e de sociabilidade. Cabe desvendar o quanto esse processo é resultado de uma articulação de setores da elite interna e o quanto é consequência de ações internacionais. Nesse contexto recebe destaque o conceito de guerra híbrida.

A guerra híbrida remete à guerra em uma de seus estados mais perspicaz e profundo, já que não implica em conflitos bélicos diretos. Não há declaração de guerra, soldados, tanques, operações militares ou disparos de armas ou explosões de bombas. Ao contrário, o que se vê é o uso constante de informação e inteligência, estratégias de comunicação, sabotagens, gestação de crises e a legitimação de governos paralelos. Em 2009 Honduras e em 2012 o Paraguai foram vítimas de um golpe. Nos últimos vinte anos a Venezuela tem sido vítima constante de ações imperialistas. Recebe destaque o quanto esses exemplos obedecem um padrão e uma dada racionalidade que também tem se reproduzido em outros pontos do globo terrestre e em especial no Brasil.

Um dos elementos fundamentais de uma guerra é a imposição de condição de derrota à determinado um povo, fazendo com que esse não tenha condições de articular qualquer medida conjunta que leve ao exaltação de sua sociedade e nação. Aos vencedores cabe o direito de determinação do futuro dos derrotados. Essa lógica também se aplica às guerras híbridas e por isso elas se caracterizam também como guerra e não como algo diferente disso. O caráter híbrido dá-se pelo uso de estratégias das mais variadas como as revoluções coloridas, golpes de estado, troca de regimes políticos, controle mental e promoção de crises econômicas, dentre outros. Assim a guerra recebe um forte valor simbólico que destrói elementos conceituais de uma nação. Com isso a guerra híbrida se caracteriza como uma guerra de sentidos.

Em 2001, os Estados Unidos lançou a doutrina de guerra preventiva, estabelecendo que caberia um ataque preventivo como advertência a ameaças, ainda que essas possíveis ameaças não tenham evidências ou concretude real. A partir desta doutrina, por exemplo, que os Estados Unidos iniciou um ataque ao Iraque em 2003, estabelecendo vínculos nunca comprovados de associação entre o regime de Saddam Hussein e os eventos de 11 de setembro. Na perspectiva da doutrina de guerra preventiva qualquer nação, povo, grupo ou regime político pode ser tratado como inimigo em potencial, sendo alvo de ataques e eliminação.

No governo de Barack Obama, em outubro de 2014, os Estados Unidos anunciou um novo conceito operativo militar para o período de 2020 a 2040 chamado: Win in a complex World (Vitória em um Mundo complexo). Este conceito militar estabelece uma ideia de guerra permanente e impossibilidade a distinção entre momentos de guerra e paz, na medida em que subverte a ideia de um campo de batalha como um espaço físico onde diferentes exércitos se confrontam a fim de ocupar territórios. Ataques passam a ser imprevisíveis e até mesmo invisíveis, gerando um ambiente nebuloso que impossibilita a defesa daqueles são atacados. Esta nova estratégia militar gera uma guerra difusa, porém em alguns casos pode ter contornos mais claros, como, por exemplo, com a criação de agrupamentos paramilitares para desestabilização de regimes em Kosovo ou na Ucrânia. Este mesmo movimento é possível ser observado nas ações do Estado Islâmico do Iraque e da Síria (ISIS), o qual sempre contou com financiamentos, aparatos e contingentes oriundos do ocidente.
A nação brasileira precisa compreender a guerra hibrida para poder enxergar aspectos de sua crise que vão além da vontade de uma elite local. Para isso é necessário reconhecer que o Brasil não está isolado de um conjunto de ações que acontecem em nível global e que objetivam obstruir qualquer iniciativa política autônoma que se distanciam de interesses representados na figura dos Estados Unidos.

Nesses termos, cabe a nação brasileira aceitar que os fatos recentes não resultam de processos espontâneas e que pertencem a uma agenda internacional que nos coloca em condição de vítimas de um ataque estrangeiro e que gera a necessidade de construção de uma estratégia de defesa.

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Análise do texto de Lenin: "Os Revolucionários Devem Atuar nos Sindicatos Reacionários?"

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Em maio de 1920, Lenin procura responder a essa polêmica inicialmente iniciada pelos “esquerdistas” alemães e do Partido Social-Democrata Independente da Alemanha (renunciantes da luta de classe e pregavam a unidade com os social-chauvinistas) e pelos membros do Partido Comunista Holandês que expressavam esse entendimento sobre a atuação dos comunistas nos sindicatos reacionários que, para eles, os comunistas não deviam se dispor a tal atividade.
A alegação era de que fosse criada uma organização unificada purista e operária da estaca zero formada  por comunistas, abandonando o trabalho da vanguarda nos sindicatos reacionários.

I) A postura abstrata e idealista dos “esquerdistas”

 

A política de abstenção da atuação dos sindicatos reacionários corresponde a uma capitulação dos comunistas, no sentido de que os trabalhadores que já estão organizados minimamente na luta econômica através dos sindicatos ficam a mercê da influência de suas direções sindicais reacionárias.

A crítica que Lenin sustenta tem por base o nível de organização operária já formalizada e existente. Para ele, organizar artificialmente um agrupamento “comunista” seria um esforço que ignora a existência da própria organização existente de trabalhadores. Seria, portanto, um erro de interpretação do movimento real, um equívoco tático.

  "Também não podemos deixar de achar um absurdo ridículo e pueril as argumentações ultra sábias, empoladas e terrivelmente  revolucionárias dos esquerdistas alemães a respeito de ideias como: os comunistas não podem nem devem atuar nos sindicatos reacionários; é lícito renunciar a semelhante atividade; é preciso sair dos sindicatos e organizar obrigatoriamente uma “união operária”  completamente nova e completamente pura, inventada pelos  comunistas muito simpáticos (e na maioria dos casos, provavelmente, muito jovens), etc, etc."


II) O problema da divisão de trabalho

 

Mesmo na República Soviética, os sindicatos reacionários existem e tem certa posição na situação política geral.

Para explicar isso, importa retomar a divisão de trabalho e a divisão de classes na sociedade civil. Enquanto existir na sociedade a divisão de classes, existir ainda a burguesia no interior da sociedade, os sindicatos serão influenciados por elementos da burguesia. Os mencheviques expressam politicamente a ocorrência de sobras elementares da burguesia e que continuam atuando de modo contrarrevolucionário dentro do movimento operário, o que leva, sem pestanejar, os comunistas cumprirem seu dever de propaganda e agitação política nos seio das organizações operárias, no interior dos sindicatos reacionários, pois a luta política não cessou nem após a Revolução de Outubro. A experiência de Outubro nos legou de maneira clara a etapa de transição para a supressão das classes e os problemas enfrentados para que tal fim fosse atingido.

 

 "Além disso, como é natural, todo o trabalho do Partido se realiza através dos sovietes, que agrupam as massas trabalhadoras, sem distinção de profissão. Os congressos de distrito dos sovietes representam uma instituição democrática como jamais se viu nas melhores repúblicas democráticas do mundo burguês. Por meio destes congressos (cujo trabalho o Partido procura acompanhar  com a maior atenção possível) assim como através da designação constante dos operários mais conscientes para diversos cargos nas povoações rurais, o proletariado exerce sua função dirigente com respeito ao campesinato, realiza-se a ditadura do proletariado urbano,a luta sistemática contra os camponeses ricos, burgueses,exploradores e especuladores, etc."

 

Nesse trecho, Lenin, a exemplo da atuação política do partido nos Soviets (organização política, administrativa e produtiva dos trabalhadores), defende a contínua atividade política revolucionária em quaisquer organizações de trabalhadores. Se mesmo para a República Soviética isso é necessário para conter o avanço do movimento contrarrevolucionário, também será nas democracias burguesas.

 

"Os sindicatos representaram um progresso gigantesco da classe operária nos primeiros tempos do desenvolvimento do capitalismo, uma vez que significavam a passagem da dispersão e da impotência dos operários aos rudimentos da união de classe. Quando a forma superior de união de classe dos proletários começou a desenvolver-se, o partido revolucionário do proletariado (que não merecerá este nome enquanto não souber ligar os líderes à classe e às massas em um todo único e indissolúvel), os sindicatos começaram a manifestar fatalmente certos traços reacionários, certa estreiteza gremial, certa tendência ao apoliticismo, certo espírito rotineiro, etc. Mas o desenvolvimento do proletariado não se realizou e nem podia realizar-se em nenhum país de outra maneira senão por meio dos sindicatos e por sua ação conjunta com o partido da classe operária. A conquista do poder político pelo proletariado representa um progresso gigantesco deste, considerado como classe, e o Partido deve consagrar-se mais, de modo novo e não apenas pelos processos antigos, a educar os sindicatos, a dirigi-los, sem esquecer também que estes são e serão durante muito tempo uma necessária “escola de comunismo”, uma escola preparatória dos proletários para a realização de sua ditadura, a associação indispensável dos operários para a passagem gradual da direção de toda a economia do país às mãos da classe operária (e não de umas e outras profissões), primeiro, e depois, às mãos de todos os trabalhadores."

 

III) As massas. Deixar de atuar nos sindicatos reacionários corresponde a abandonar os trabalhadores nas mãos dos sindicalistas oportunistas

 

A influência nociva e contrarrevolucionária nos sindicatos tem determinadas características. Sabendo delas, tipificando-as, consegue-se observar a necessidade de combater essas personalidades. Lenin, portanto, comenta sobre a atuação desses chefes de sindicatos reacionários.



Não duvidamos de que os senhores “chefes” do oportunismo recorrerão a todas as artimanhas da diplomacia burguesa, à ajuda dos governantes burgueses, dos padres, da polícia e dos tribunais para impedir a entrada dos comunistas nos sindicatos, para expulsá-los de lá por todos os meios e tornar o trabalho dos comunistas neles o mais desagradável possível, para ofendê-los, castigá-los e persegui-los.

[…]

[Os oportunistas na República Soviética Russa eram os Mencheviques, que representavam a política da burguesia]

Isso porque nossos mencheviques, como todos os líderes sindicais oportunistas, social-chauvinistas e kautskistas, não são mais que “agentes da burguesia no movimento operário” (como sempre dissemos ao nos referir aos mencheviques) ou, em outras palavras, os “lugar-tenentes operários da classe capitalista” (labor lieutenants of the capitalist class), de acordo com a magnífica expressão, profundamente exata, dos discípulos de Daniel de León nos Estados Unidos.  Não atuar no seio dos sindicatos reacionários significa abandonar as massas operárias insuficientemente desenvolvidas ou atrasadas à influência dos líderes reacionários, dos agentes da burguesia, dos operários aristocratas ou “operários aburguesados” (veja-se a carta de Engels Marx em 1858 sobre os operários ingleses).

 

Conhecendo o “inimigo”, não seria prudente deixá-lo controlando as massas operárias. Assim, seria necessário desenvolver um trabalho no sentido de expulsar o inimigo e conscientizar os trabalhadores de seu papel revolucionário de classe.

 

"Para saber ajudar a “massa” e conquistar sua simpatia, adesão e apoio é preciso não temer as dificuldades, mesquinharias, armadilhas, insultos e perseguições dos “chefes” (que, sendo oportunistas e social-chauvinistas, estão, na maioria dos casos, relacionados direta ou indiretamente ,com a burguesia e a polícia), e deve-se trabalhar obrigatoriamente onde estejam as massas. É preciso saber fazer toda a sorte de sacrifícios e vencer os maiores obstáculos para realizar uma propaganda e uma agitação sistemáticas, tenazes, perseverantes e pacientes exatamente nas instituições, associações e sindicatos, por mais reacionários que sejam, onde haja massas proletárias ou semiproletárias."

 

IV) Em que consiste o trabalho dos comunistas

 

Foi apresentado o problema dos sindicatos reacionários, que é o controle destes pelos oportunistas, refutando a tese dos esquerdistas, importa agora explicitar como deveria ser feito a atuação dos comunistas, o seu modo de atividade.

 

"Temer este “espírito reacionário”, tentar prescindir dele, ignorá-lo, é uma grande tolice, pois equivale a temer o papel de vanguarda do proletariado, que consiste em instruir, ilustrar, educar, atrair para uma vida nova as camadas e as massas mais atrasadas da classe operária e do campesinato. Por outro lado, adiar a ditadura do proletariado até que não reste um só operário de estreito espírito profissional, nenhum operário com preconceitos corporativistas e trade-unionistas, seria um erro ainda mais grave.

 

 A arte do político (e a compreensão acertada no comunista de seus deveres) consiste, precisamente, em saber aquilatar com exatidão as condições e o momento em que a vanguarda do proletariado pode tomar vitoriosamente o poder; em que pode, durante a tomada do  poder e depois dela, conseguir um apoio suficiente de setores bastante amplos da classe operária e das massas trabalhadoras não proletárias; em que pode, uma vez obtido esse apoio, manter, garantir e ampliar seu domínio, educando, instruindo e atraindo massas cada vez mais amplas de trabalhadores.

                        […]

É preciso desencadear esta luta implacavelmente e continuá-la de maneira obrigatória, como o fizemos, até desmoralizar e desalojar dos sindicatos todos os chefes incorrigíveis do oportunismo e do social-chauvinismo. É impossível conquistar o poder político (e não se deve nem pensar em tomar o poder político) enquanto esta luta não tiver alcançado “certo grau”; este “certo grau” não é o mesmo em todos os países e em todas as condições, e só dirigentes políticos do proletariado sensatos, experimentados e competentes podem determiná-lo com acerto em cada país.

(Na Rússia as eleições de novembro de 1917 para a Assembleia Constituinte, alguns dias depois da revolução proletária de 25 de outubro de 1917, entre outras coisas, nos deram a medida exata do êxito nesta luta. Nas referidas eleições, os mencheviques sofreram fragorosa derrota, obtendo 700 000 votos — 1 400 000 contando os da Transcaucásia — contra os 9 000 000 conseguidos pelos bolcheviques. Veja-se o meu artigo As Eleições Para a Assembleia Constituinte e a Ditadura do Proletariado, no número 7/8 de "A Internacional Comunista").


Sob o regime tzarista, até 1905, não tivemos nenhuma “possibilidade legal”; mas quando o policial Zubátov organizou suas assembleias e associações operárias ultra-reacionárias com o objetivo de perseguir os revolucionários e lutar contra eles, enviamos para ali membros de nosso Partido (lembro entre eles o camarada Babushkin, destacado operário peterburguense, fuzilado em 1906 pelos generais tzaristas), que estabeleceram contacto com a massa, conseguiram agitá-la e arrancar os operários da influência dos agentes de Zubátov."

 

 

 

V) A experiência de Outubro liquidou os sindicatos reacionários?

 

“Reconhecemos que o contacto com as “massas” através dos sindicatos não é suficiente. No transcorrer da revolução criou-se em nosso país, na prática, um organismo que procuramos a todo custo manter, desenvolver e ampliar: as conferências de operários e camponeses sem partido, que nos permitem observar o estado de espírito das massas, aproximarmo-nos delas, corresponder a seus anseios, promover seus melhores elementos aos postos do Estado, etc.

 

Bem, esse trecho nos mostra que enquanto existir a oposição de classes imposta pelo capital, o trabalho dos comunistas deve continuar. Mesmo na recém república soviética, a atuação política dos comunistas nas organizações dos trabalhadores manteve-se constante.

Mais do que nunca, portanto, no marco do Estado capitalista, os comunistas não devem abandonar as organizações de trabalhadores às lideranças oportunistas e burguesas, que despolitizam e atuam na contramão das lutas reivindicatórias. O papel que deve ser realizado, portanto, é o de intenso trabalho nos sindicatos e partidos de esquerda no sentido de promover o ascenso revolucionário no interior dessas organizações.

Texto do Lenin na íntegra: https://www.marxists.org/portugues/lenin/livros/sindicato/04.htm


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A greve dos entregadores mostrou o caminho para a luta

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No dia 1º de julho, os motofretistas que realizam entregas por aplicativos organizaram a primeira greve nacional. A paralisação ocorreu em São Paulo,  Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Maceió, Fortaleza, Teresina, Brasília, Belo Horizonte e cidades do interior como Ribeirão Preto e Campinas.  Os trabalhadores reivindicaram maior repasse dos valores das corridas já que a maior parte desse dinheiro fica para os empresários donos dos aplicativos (Ifood, Rappi, Loggi, Uber) que não trabalham. Isso gera uma situação de superexploração da categoria que precisa trabalhar cerca de 14 horas por dia, todos os dias, sem qualquer direito trabalhista como férias, FGTS e benefícios da previdência.

A situação de completa exploração do trabalho levou aos motofretistas paralisarem no domingo contra essa situação. Alguns aplicativos punem os motofretistas que ficarem sem trabalhar em algum dia específico, bloqueando o acesso do motorista ao aplicativo, não podendo descansar um dia sequer, uma verdadeira situação de escravidão explícita e, para piorar, as empresas não oferecem equipamentos de proteção aos motociclistas, nem máscaras, álcool em gel, nem nada.

Essa greve mostra que o direito dos trabalhadores só pode ser defendido pela luta nas ruas. Muitos pequeno-burgueses, eleitoreiros, demagogos da esquerda ficam direcionando a população para uma política injusta e direitista: de que não se deve organizar a luta política, que se deve ficar em casa, morrer de fome ou com o coronavírus. É preciso denunciar a postura desses demagogos eleitoreiros da esquerda que só tem interesse próprio em ganhar um cargo político a custo da enganação do povo.

Não é por Facebook, por discussão nas redes sociais ou por qualquer meio online que os trabalhadores lutam e vencem. A greve demonstrou que a luta se faz nas ruas pelos métodos históricos utilizados pela classe trabalhadora: paralisação de vias, piquetes, atos públicos, etc. Nem depender dos sindicatos que estão paralisados por profunda confusão política reacionária levando a propor alianças políticas com a classe patronal. É preciso esclarecer que essa greve não dependeu de sindicatos e teve a proporção nacional, ou seja, importa que os setores de luta se organizem para levar adiante suas reivindicações, já que a burocracia sindical está capitulada não defendem os interesses dos trabalhadores na forma econômica e política.

Sem precisar, portanto, explicar abstratamente o caminho, o exemplo dos entregadores deve ser seguido como um norte da luta. Assim, importa persistir nas palavras de ordem Fora Bolsonaro e Fora Direita Golpista para levar adiante nas ruas um programa político para toda classe trabalhadora brasileira. O regime político golpista e democrático fraudulento do governo Bolsonaro deve cair pelo poder dos trabalhadores organizados. A atuação nos sindicatos, partidos de esquerda e organizações populares deve continuar para que o movimento ganhe amplitude e se consiga derrubar o regime burguês e retomar os direitos trabalhistas e previdenciários perdidos.

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Governo Boric será de direita besuntado em um esquerdismo de fachada

No dia 11 o novo presidente do Chile tomou posse, após 4 anos de governo do direitista Sebastián Piñera. A imprensa internacional deu muito ...