No dia 3 de maio, soldados venezuelanos interceptam lanchas com 13 mercenários que rumavam ao território venezuelano e tinham partido da Colômbia. O objetivo desse grupo de mercenários era o de sequestrar o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, e levá-lo para os EUA. Foi um plano articulando entre Juan Guaidó, o autoproclamado presidente da Venezuela no início de 2019, e a empresa estadunidense de segurança Silvercorp, comandada por Goudreau, veterano das Forças Especiais Americanas.
Contrato assinado por Guaidó, Goudreau e Rendón. |
Segundo depoimentos de Juan José Rendón, líder do comitê estratégico do golpista Juan Guaidó, concedidos ao The Whashington Post, a articulação do golpe teve início em setembro de 2019, em Miami. O objetivo era que a Silvercorp capturasse o presidente Maduro e seus principais apoiadores, juntamente com a mobilização de 800 mercenários que realizariam ataques a bases militares venezuelanas, levando a uma desorganização das forças armadas e o sucesso do golpe.
Juan José Rendón (esq.), assessor do golpista Juan Gauidó (dir.). Juan contratou os mercenários da Sivercorp. |
Para dominar a política venezuelana e a produção, principalmente o petróleo da estatal PDVSA - país com a maior reserva de petróleo do mundo -, os EUA estão, desde que se iniciou a revolução bolivariana na Venezuela, o qual o Capitão Hugo Chávez assumiu o poder político em 1999, realizando sistematicamente tentativas de golpe de Estado com o objetivo de torná-lo seu maior fornecedor de petróleo. É preciso lembrar, que em 2002, o presidente Hugo Chávez sofreu uma tentativa de golpe, sendo detido por militares e a Assembleia Nacional e o Supremo Tribunal foram fechados. Pedro Carmona, então presidente das Câmaras de Comércio, autointitulou-se Presidente da Venezuela, sendo apoiado pela alta burguesia venezuelana e reconhecido pelos EUA. Então, o povo foi às ruas em defesa de Hugo Chávez e o movimento golpista foi interrompido quando a Guarda Presidencial retomou o Palácio de Miraflores restituindo a presidência de Hugo e revertendo o golpe.
Em janeiro de 2019, o movimento foi semelhante quando Juán Guaidó autointitulou-se Presidente Interino da Assembleia Legislativa. Por conta da crise econômica provocada pelos embargos que os EUA realizaram ao país, foi o momento oportuno para que Juán Guaidó tomasse o poder. Para convencer parte da população venezuelana e opinião internacional, usou a desculpa da "ajuda humanitária", destinando comboios de caminhões para as fronteiras venezuelanas. Dentre os itens alimentares e remédios encontrados nos caminhões, havia cabos de aço, pregos, arames; na mesma época, foi apreendido pela Guarda Nacional Bolivariana um avião vindo de Miami carregando fuzis, munições e celulares. Todo esse espetáculo foi armado para que a extrema-direita entrasse em conflito com a guarda bolivariana nas fronteiras venezuelanas e para implodir uma guerra civil dentro do país para enfraquecer o presidente Nicolas Maduro.
Por outro lado, em novembro de 2019, o então presidente da Bolívia, Evo Morales, sofreu um golpe de Estado. A burguesia aliada ao imperialismo norte-americano fez a propaganda denunciando o resultado das eleições que levaram Evo Morales novamente à Presidência da República e exigiu a convocação de novas eleições, organizando também uma oposição de extrema-direita nas ruas contra o povo que defendia Evo Morales. Pressionado por uma ala das Forças Armadas a renunciar, Evo Morales capitulou, deixando o cargo e levando todo o alto escalão a abandonar o poder político (seu vice-presidente, Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado, ministros e deputados a abandonarem seus cargos). Quem assumiu a presidência foi a senadora golpista Jeanine Añez que iniciou com a política de privatizações e substituição dos subsídios à microempresas para as grandes empresas, levando os pequenos comerciantes à falência.
A política do imperialismo, principalmente dos EUA, avança sobre a América Latina sem recuar. É uma vitória do governo venezuelano em barrar mais uma ofensiva golpista articulada pelos aliados do imperialismo. Os povos das nações ameaçadas pelo imperialismo devem lutar pela sua emancipação. No Brasil, a luta contra o imperialismo dá-se necessariamente pela luta contra o governo da extrema-direita bolsonarista e da direita golpista que estão vendendo o país cada vez mais aos empreendimentos estrangeiros.